Os principais avanços de Erikson em relação a outros teóricos da Psicologia residem na compreensão de que o desenvolvimento humano é um processo contínuo que não se encerra na adolescência, mas perpassa a vida adulta até a velhice e que ele não é resultado apenas de fatores biológicos, mas da articulação desses com fatores sociais e individuais, destacando a importância da cultura para o desenvolvimento saudável dos sujeitos, oferecendo um arcabouço teórico extremamente rico para pensarmos um objeto tão complexo como a educação – influenciada por questões sociais, culturais, econômicas e políticas.
A Teoria Psicossocial surgiu no seio da corrente psicanalítica, compartilhando importantes conceitos e fundamentos psicanalíticos, sendo apresentada no livro de Bee (2003) em capítulo que trata da Teoria Psicanalítica. Essa proximidade com a teoria freudiana é inegável, sendo necessário retornarmos a ela para avançarmos na compreensão da teoria eriksoniana. A tradição psicanalítica compreende o comportamento como processos subjacentes à psique (termo grego que pode significar alma, espírito ou mente), tendo Sigmund Freud como principal referência. O pensamento chave dessa tradição é que “o comportamento é governado por processos tanto inconscientes como conscientes. Segundo Bee (2003, p. 46): “alguns desses processos inconscientes estão presentes no nascimento, outros se desenvolvem ao longo do tempo”.
Um dos pontos fortes da teoria psicossocial de Erikson é que ela fornece um quadro amplo do desenvolvimento ao longo de toda a vida. Ela também nos permite enfatizar a natureza social do ser humano e a influência importante que as relações sociais têm sobre o desenvolvimento.
Uma outra, do nosso ponto de vista, correlata ou complementar, é “a Psicologia do
life-span” formulada por Paul Baltes (**).
A segunda tentativa a Psicologia do life-span explica o desenvolvimento a partir de um conjunto de princípios muito simples, como podemos observar pelo Modelo de Paul Baltes, na Figura acima:
1) à medida que os seres humanos envelhecem, a importância do seu capital genético diminui progressivamente;
2) a importância da cultura cresce em sua vida para compensar as perdas biológicas (por isso os mais velhos são mais cultos, p.e.); e
3) eventualmente, a cultura não compensa nem minimiza essas perdas biológicas. O ser pode passar a prescindir da cultura ou ignorar os ditames por ela transmitidos.
Esta ideia é representada por uma curva ascendente e em seguida descendente.
Referências:
Baltes, Paul. “On the incomplete architecture of human ontogeny. Selection,
optimization and compensation of developmental psychology” (1997).
Bee, Helen. A criança em desenvolvimento; tradução: Antônio Carlos Amador Pereira (e) Rosane de Souza Amador Pereira. São Paulo, Harper & Row do Brasil, 2003.
Carver, C.S. & Scheir, M.F. (2000). Perspectives on Personality. Needham Heights, MA: Allyn & Bacon.
Erikson, E.H. (1968). Identity: Youth and Crisis. New York: Norton.
Erikson, E.H. (1963). Childhood and Society. (2nd ed.). New York: Norton.
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